“Fuscão pre-toooo, você é feito de a-çooo, fez meu peito em peda-çoooo…”

“Fuscão pre-toooo, você é feito de a-çooo, fez meu peito em peda-çoooo…”

Esse automóvel aí, minha querida amiga ipiranguista, já destruiu, no mínimo, um coração. Pobre daquele homem apaixonado, que viu sua amada se encantar pelo ronco maldito, nos braços de outro homem, rodando por aí.

Um fuscão preto fez um peito em pedaço, desmoronou um castelo tão bonito. Lembra, minha querida amiga, do clássico do cancioneiro lá dos anos 80? Quem nunca cantou, quem nunca se solidarizou com o homem abandonado, observando um fuscão preto contribuir para sua derrota?

A gente aqui cantou muito.

“Fuscão pre-toooo, você é feito de a-çooo, fez meu peito em peda-çoooo…”

Esse fuscão preto é um ente sedutor e poderoso, e entrou para o imaginário nacional da frustração amorosa como símbolo.

Pois olha ele aqui, no Ipiranga!!! Será que o Almir Rogério, seu grande intérprete, mora aqui nessa casa onde esse ser se demora, na Lobo?

Fuscão Preto, você é um clássico, não faça meu peito novamente em pedaços.

Não é o Almir Rogério, não, mas o Leonardo Tadeu, quem aparece atrás da grade, de olho no Fuscão no portão.

“Já me fizeram cada uma por esse carro. Já me ofereceram muito dinheiro. Mas eu não troco esse carro por nada. É uma relação de amor.”

E uma relação de amor duradoura e estável: o Fuscão Preto é o primeiro e único carro da sua vida. Adquirido quando ele tinha 19 anos para 20, e Leonardo está agora com 42. Que bela e longa barba grisalha ele tem, o Leonardo.

O Fuscão Preto está fazendo 68 anos, é de 1953 (o número da placa), com corpinho de cinco ou menos. Reluzente, intacto, novinho, alemão. Bonitão.

Pois eu é que não vou te dar meu endereço, seu Fuscão, vai que a patroa sai por aí bem-vestida como a dama da noite, ao lado de outro, pelo Ipiranga a rodar.

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